DISCURSO DO DEPUTADO PAULO RAMOS
Em primeiro lugar quero dizer que não pode pairar qualquer dúvida, nem na alma do mais distraído cidadão, que a Saúde no Estado do Rio de Janeiro é uma verdadeira calamidade e supera em muito todas as demais calamidades ocorridas neste ano em nosso Estado, inclusive a da Região Serrana, porque a calamidade pública ocorrida naquela região tem mobilizado esforços na busca de solução para os vitimados. Mas a calamidade da Saúde em nosso estado é continuada e não percebemos nenhuma iniciativa do governo na busca de solução. Ao contrário, a cada dia o governo demonstra estar disposto a aniquilar a Saúde Pública em homenagem à iniciativa privada.
Para citar somente alguns dados: o Rio de Janeiro é campeão brasileiro de tuberculose, é campeão mundial de hanseníase, a lepra. A epidemia de dengue está aí, vitimando pessoas; o número vai crescendo a cada dia.
Tenho visto alguma manifestação de inconformismo, mas é preciso lembrar de que o Governo do Estado fechou o Instituto de Infectologia São Sebastião, no Caju, que ia completar 119 anos. Dissolveu; desmobilizou as equipes de cientistas, profissionais muito conhecidos no mundo inteiro, pesquisadores.
Quando do último ano de funcionamento do Instituto de Infectologia São Sebastião, houve, durante outra epidemia de dengue, a procura de mais de 2mil infectados, que lá compareceram para tratamento. Não houve nenhum óbito! Hoje é preciso dizer que as consequências para a população, a começar pela falta de prevenção em relação à dengue, e as consequências para resultados tão acentuadamente negativos se devem também ao Instituto de Infectologia São Sebastião. Os profissionais de Saúde ainda estão por aí, dispersos.
Quando do último ano de funcionamento do Instituto de Infectologia São Sebastião, houve, durante outra epidemia de dengue, a procura de mais de 2mil infectados, que lá compareceram para tratamento. Não houve nenhum óbito! Hoje é preciso dizer que as consequências para a população, a começar pela falta de prevenção em relação à dengue, e as consequências para resultados tão acentuadamente negativos se devem também ao Instituto de Infectologia São Sebastião. Os profissionais de Saúde ainda estão por aí, dispersos.
O Governador do Estado está desativando a rede Iaserj, entregando às prefeituras municipais os postos do instituto, rede de saúde destinada a atender o servidor público e seus familiares. A rede Iaserj retirava do sistema geral milhares de pacientes. O Iaserj central vai ser implodido para dar lugar a uma instalação do Instituto Nacional do Câncer. E mesmo funcionando hoje com os precários meios disponíveis, o Iaserj central tem apresentado resultados no atendimento que chegam a ser surpreendentes, mas isso é devido à dedicação dos profissionais de saúde, do instituto, servidores públicos que lá trabalham.
O Hospital Pedro II foi alvo de um atentado – já que o assunto da vez é Osama Bin Laden –, pois o transformador que explodiu foi devido a ato criminoso – isso fazia parte do projeto – e o hospital foi desativado. Depois da explosão, da desativação, o hospital está com suas portas fechadas, dizem que passando por uma grande obra. Os profissionais de saúde, desesperados, foram transferidos. O Hospital Rocha Faria não tem condições de atender à demanda, uma vez que já estava superlotado enquanto o Hospital Pedro II ainda funcionava. O sofrimento da população é muito grande, não apenas pela falta de atendimento; tem aumentado o número de óbitos; as pessoas estão morrendo em Santa Cruz e adjacências em função do fechamento do Hospital Pedro II.
Em relação do Hospital Pedro II ainda não temos o resultado do inquérito. Afinal de contas, o Governo investigou a si mesmo para chegar à conclusão nenhuma, porque o objetivo, obviamente consiste em abafar o resultado. A investigação não poderia chegar a lugar nenhum, porque o crime foi perpetrado em função da decisão política do governo do Estado de fechar o Hospital Pedro II para depois transferir sua gestão ao Município do Rio de Janeiro, para entregar a uma OS.
Por último, após sucatear e esvaziar o funcionamento do Hospital Pedro II, fechou definitivamente o Hospital da Polícia Civil, um hospital que em outras épocas atendeu e bem a muitos policiais civis e seus familiares.
Poderia sim, para demonstrar o descaso para com a área da Saúde o governo insiste – depois de várias decisões judiciais – em não cumprir o Plano de Cargos, Carreiras e Salários, aprovado nesta Casa no ano de 2002. Ao não cumprir a lei, o governador comete crime de responsabilidade. Já tive a oportunidade de denunciar nesta Casa que crime de responsabilidade praticado pelo governador quem julga é o Poder Legislativo.
Já encaminhei, mas a denúncia não anda porque o governador conta com maioria esmagadora nesta Casa. Mas não posso admitir nem aceitar todos esses escândalos. E eu estou tratando das questões que chamo assim, mais óbvias. Mas tem a corrupção entranhada na área da Saúde: superfaturamentos, compra de medicamentos desnecessários, enfim, a população está denunciando. Há de se imaginar uma família que está sendo supliciada porque, em estando doente no hospital um de seus familiares, ele foi levado de volta para a sua residência. Disseram: “É para ele morrer com dignidade”.
Deputada Janira Rocha
"Se por acaso nós conseguirmos fazer com que esta Casa apure o ocorrido no Hospital Pedro II, eu me coloco desde já como testemunha, porque eu já era Deputada Estadual e estava dentro do Hospital Pedro II no dia do suposto incêndio. Então, gostaria de dizer que se por acaso esta Casa quiser investigar o fato, além de outras testemunhas, aqui dentro mesmo há uma Deputada que estava no hospital no dia do incêndio".
Concluindo: O projeto de resolução para criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar todas as denúncias na área de Saúde do nosso Estado precisa pelo menos ser votado. Se o governador do Estado tem maioria para fazer com que uma denúncia pela prática de crime de responsabilidade apresentada por um Deputado não tramite, o processo não tem andamento, que pelo menos o projeto de resolução seja votado para que a maioria governamental assuma, diante da população, a responsabilidade pelo descaso, pela não investigação e, portanto, pela impunidade. E esse crime continuado que representa a saúde em nosso Estado, aliás, em relação ao Plano de Cargos, Carreiras e Salários, já há reiteradas decisões judiciais determinando ao governo a implementação do Plano. E o governo vira as costas para a população, para os profissionais da Saúde e vira as costas para as decisões do Poder Judiciário.
Não cumprir a lei é crime de responsabilidade e não cumprir decisão judicial também o é. Portanto, que todos saibam que a calamidade na área da Saúde é continuada e a responsabilidade é do governo.
DEPUTADO ESTADUAL PAULO RAMOS
DEPUTADO ESTADUAL PAULO RAMOS
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