Funcionários do Hospital Estadual Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, fazem um protesto na porta da unidade de saúde, na manhã desta quinta-feira, por causa do atraso no pagamento dos salários. A ação reúne médicos, enfermeiros e técnicos, entre concursados e terceirizados. De acordo com a técnica de enfermagem Izabel Aparecida da Conceição Silva, a Organização Social que administra a unidade já disponibilizou o contra-cheque referente ao pagamento de novembro dos funcionários terceirizados, mas o dinheiro não caiu nas contas. Os profissionais do estado também criticam a decisão do governador Luiz Fernando Pezão de parcelar o 13º salário em cinco vezes.
— É uma situação inviável. A conta de luz chega, o aluguel é cobrado, tem gente que está sem poder fazer compras no supermercado. Eu mesma não tinha dívidas com o banco e agora estou no cheque especial. As pessoas querem se organizar para comprar presentes de Natal mas não conseguem — desabafa Izabel.
Apesar da manifestação, a técnica de enfermagem garante que o atendimento no hospital não foi interrompido por falta de profissionais.
— Estamos vindo trabalhar, mesmo alguns sem receber, porque nós vestimos a camisa e não queremos que os cidadãos sejam prejudicados. Todos os setores do hospital estão cobertos — diz ela.
Silene Sousa, médica da unidade, afirma que, por falta de equipamentos, materiais e insumos, estão parcialmente parados os atendimentos nos setores de radiologia, tomografia, laboratório e nutrição.
— Falta medicamento, esparadrapo, gaze, material de todo tipo — diz a médica, que critica a declaração dada recentemente por Pezão sobre uma possível convocação das Forças Armadas para garantir o atendimento dos hospitais: — O atendimento está restrito não por falta de profissionais, mas por falta de insumos. Acho que convocar Forças Armadas, Bombeiros, Polícia, isso é jogar para a mídia.
Cinco reais na carteira
Com um filho de 1 ano e 4 meses para alimentar, um enfermeiro do hospital, que pede para não ser identificado, tem apenas R$ 5 na carteira. O profissional pretende pegar dinheiro emprestado para comprar fraldas para o bebê.
— Coloquei a última fralda do pacote no meu filho hoje de manhã, antes de sair para trabalhar. Na geladeira tinha um mamão, que foi o café da manhã dele, e arroz e feijão, que será o almoço. Não tenho dinheiro nem para comprar legumes — diz.
A OS que administra o hospital disponibilizou no sistema um contra-cheque no qual consta que os funcionários receberam no último dia 7 o pagamento referente ao salário de novembro. No entanto, o dinheiro não caiu na conta, segundo os funcionários.
— Acabei de ir no RH perguntar e eles falaram que não tem previsão para o pagamento.
Em nota, a Secretaria estadual de Sáude informou que, diante da crise financeira do estado, "vem reunindo esforços, dia a dia, junto às secretarias municipais de saúde, ao Ministério da Saúde, outros órgãos do Governo do Estado e até à iniciativa privada para manter suas unidades funcionando no intuito de minimizar ao máximo possível os transtornos à população e restabelecer os serviços eventualmente suspensos ou restritos".
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