"Pezão massacra a saúde!", ostenta uma faixa no calçadão da praia
de Copacabana na tarde desta quinta-feira (1), Dia do Trabalhador. O
protesto se trata de um ato realizado pelo Sindsprev, sindicato dos
servidores da saúde. "Estamos aqui para denunciar o sucateamento da saúde pública,
a privatização e a falta de condições dignas dos profissionais. Somos
doentes cuidando de doentes. Temos um governo genocida que acaba com as
condições de trabalho dos servidores da saúde", bradava ao microfone uma
funcionária do IASERJ (Instituto de Assistência dos Servidores do
Estado do Rio de Janeiro), que desde 2012 funciona somente como
ambulatório.
A demolição do IASERJ foi lembrada por Antonio José, acupunturista do
ambulatório. "Em 2012 entraram 400 homens no hospital, carregando
armas. Eu trabalhava lá. Quinze pacientes morreram nessa confusão", se
revolta. "Esse ato aqui é contra os desmandos do governo do Estado, que
fechou quatro ambulatórios, demoliu o IASERJ e fechou outros dois
hospitais. O São Sebastião, que tratava doenças infecciosas, foi fechado
pelo Cabral para virar estacionamento. Além disso, desde 2011 a saúde
do Estado não tem aumento", critica o profissional.
A baixa
remuneração foi uma das bandeiras levantadas pelo ato. Gilton Evandro,
massagista do IASERJ, destacou o "vencimento indigno". "O
vencimento para médicos e dentistas é de 208 reais. Para mim, que sou
massagista, é de 157 reais. Isso é indigno. Há 14 anos é assim. O
protesto aqui é de revolta contra esse salário de miséria. Os deputados
não fazem nada para pressionar o Ministério Público e o governo
estadual. Não fazem nada para cumprir as leis que o próprio governo
federal impõe", denuncia.
O massagista também faz uma comparação
entre o dinheiro investido na saúde e aquele investido na Copa. "O Rio
de Janeiro é o estado que menos investe em saúde. Para a reforma do
Maracanã tem dinheiro, pode ir um bilhão, mas e para a saúde? O dinheiro
que deveria ir para a saúde está indo para outras áreas",
reclama. "Eram sete unidades de saúde estadual no Rio, hoje temos duas,
um ambulatório e um hospital. Trabalhamos, na fisioterapia temos mais de
2 mil atendimentos por mês. Atendemos com qualidade e dignidade e
ganhamos esta miséria. Enfim, isso aqui é uma demonstração de cidadania e
indignação contra a situação da saúde no estado do Rio de Janeiro",
completa Gilton.
Outra crítica feita pelos servidores é em relação às Organizações Sociais (OS), entidades privadas que recebem benefícios
do governo para a prestação de serviços para a comunidade. "As OS não
trabalham com qualidade, trabalham com quantidade. Virou uma indústria
dos hospitais. A qualidade nos hospitais caiu muito, porque não há
técnicos capacitados. Não olham o currículo, não olham experiência, eles
fazem só uma provinha. Antes era de qualidade, não faltava ninguém,
agora falta muito. A OS não pode pagar plantão, se falta alguém fica sem
ninguém, porque não tem ordem para contratar", explica Selmo Santos,
técnico de radiologia no hospital Albert Schweitzer.
"Estamos
reivindicando também melhoria de salário. No hospital que eu trabalho
estamos sendo ameaçados, quem tirar licença premium ou férias está
arriscado de não voltar para a mesma unidade", continua. Selmo fez
questão de desaprovar o governo de Cabral e disse que a resposta virá
nas ruas. "Cabral foi o pior governador até hoje e Pezão vai seguir o
mesmo caminho. A saúde soma quase 1 milhão e meio de eleitores. Vamos
dar a resposta a eles nas eleições", garante.
Mariah Casanova,
diretora do Sindsprev e auxiliar de enfermagem no hospital Getúlio
Vargas Filho, reiterou o que seus colegas afirmaram. "O maldito governo
está destruindo a saúde, acabou com o IASERJ, com o São Sebastião, com o
Pedro II. Querem transformar tudo em OS. Viemos aqui defender a saúde
pública de qualidade para todos. Viemos dizer para o governo que hoje é
dia primeiro de maio, que estamos defendendo nosso trabalho e condições
dignas e que dizemos não às OS", conclui a servidora.
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