Em
mais um exemplo de unidade, solidariedade e disposição de luta, os
servidores dos hospitais federais do Rio de Janeiro, em greve desde 27
de junho, fecharam uma das pistas da Avenida Brasil em direção ao
Centro, nesta quinta-feira (23/8), de 10h45 às 11h30. Antes,
participaram de um ato em frente ao Hospital Federal de Bonsucesso, onde
servidores eram a maioria dos participantes da passeata e do fechamento
da Avenida Brasil.
O
objetivo foi chamar a atenção da população para o desrespeito com que o
governo Dilma Roussef (PT) tem tratado o funcionalismo público federal
em sua campanha salarial unificada e fazer com que seja apresentada uma
proposta decente ao Comando de Greve, na negociação prevista para hoje.
Policiais
Militares tentaram retirar os manifestantes (mais de 500) da pista, sem
sucesso. Os profissionais de saúde sentaram no asfalto, mostrando que
estavam absolutamente conscientes do seu direito de se manifestar e
lutar por suas reivindicações. A PM acabou desistindo de sua intenção.
Com faixas e cartazes, os trabalhadores frisaram que o único responsável
pela continuidade da greve da saúde e de todo o funcionalismo é o
governo Dilma (PT). Outras faixas denunciavam a política de desmonte e
privatização das unidades.
Atendimento digno à população
Durante
a ocupação da Avenida Brasil, a diretora do Sindsprev/RJ Lúcia Pádua
frisou, em discurso no carro de som, que, além das reivindicações
econômicas e sociais, fazem parte da pauta entregue pelo Comando
Nacional dos Servidores Federais ao governo o fim do sucateamento do
serviço público, mais verbas para o setor, visando um atendimento digno à
população, e o fim das privatizações. “Este é um governo truculento,
não apenas com o funcionalismo federal, a quem ameaça com retaliações,
corta o ponto e não negocia com seriedade. Mas é também um governo que
age com descaso com a população, abandona e privatiza hospitais,
beneficiando grupos privados para garantir financiamento de campanha”,
acusou.
O
ex-diretor do Sindsprev/RJ, Júlio Tavares, lembrou que a administração
Dilma Rousseff é a verdadeira culpada pela continuidade da greve. “O
governo federal tem sido intransigente. Basta lembrar que só voltou a
negociar, após três meses de greve, deixando a população sem os serviços
públicos. E só na semana retrasada colocou sobre a mesa de negociação
uma proposta cínica de reajuste de 15,8%, parcelados em três anos, a
partir de 2013, incidente apenas sobre o vencimento base, sabendo que a
maior parte da remuneração é constituída por gratificações”, afirmou.
Pressão tem que aumentar
Após
duas horas de interrupção da Avenida Brasil, os profissionais federais
da saúde decidiram seguir em passeata de volta ao Hospital de
Bonsucesso, onde houve um ato de encerramento da mobilização. Estiveram
presentes representantes das seis unidades federais em greve no Rio de
Janeiro (Lagoa, Ipanema, Into, Cardiologia de Laranjeiras, Bonsucesso,
Cardoso Fontes e Policlínica Piquet Carneiro), além de dirigentes do
Sindsprev/RJ, da presidente do Sindicato dos Enfermeiros, Mônica
Armanda, e o presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em
Enfermagem, Roberto Pereira, além da deputada estadual Janira Rocha
(PSOL-RJ) e o representante da executiva do partido, Jeferson Moura.
Entre
os itens principais da pauta de reivindicação do funcionalismo federal
estão: 22,08% de reajuste, política salarial baseada na reposição das
perdas da inflação mais aumento real que leve em conta o crescimento do
PIB, incorporação das gratificações, 30 horas, fim do sucateamento e
mais verbas para um atendimento digno à população e paridade entre
ativos e aposentados. Lúcia lembrou que a pressão deve aumentar para
fazer o governo avançar nas negociações.
Nova assembleia
O
diretor do Sindsprev/RJ, Osvaldo Mendes, lembrou que os servidores da
saúde participam de uma nova assembleia nesta sexta-feira, no auditório
do Sindicato (Rua Joaquim Silva, 98-A, Lapa), às 16 horas. A finalidade é
avaliar uma possível proposta que o governo venha a apresentar numa
negociação prevista para hoje (23/8). “Caso a seja tão indecente quanto a
anterior, a greve continua e mais forte ainda para obrigar o governo a
negociar com respeito à categoria”, disse o dirigente. Também diretora
da entidade, Maria Celina disse que são pontos de honra: a incorporação
das gratificações, jornada de 30 horas, aumento salarial digno e não ao
ponto eletrônico.
SINDSPREV
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